quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Que saudades do meu Herói...

Eu sempre achei que o "Tempo" iria se encarregar de curar certas feridas em minha alma, mas somente há alguns dias atrás, me dei conta de que algumas coisas são para sempre, e nada, absolutamente nada é capaz de preencher certos vazios que nos consomem.
Pessimismo? Não.
Eu até concordo que "Tempo" realmente seja o melhor remédio para algumas dores da alma, mas algumas feridas ainda permanecem e estarão para sempre cravadas na nossa efêmera existência.
14 anos se passaram... 14 aniversários... 14 dias dos pais...14 dias das crianças...14 natais...14 verões...14...14...14...
Ninguém nunca saberá a falta que você me fez, nos mais de 5.100 dias posteriores à sua partida. Eu precisei me reinventar dia a dia...eu me refiz mais de 5.100 vezes...
Uma parte de mim morreu junto com você, mas uma parte de você ainda vive em mim. E é essa parte que me dá força para continuar seguindo em frente, sempre firme, porque jamais me esquecerei das promessas que eu te fiz.
Não há um dia sequer que eu não me lembre de você, mesmo já tendo passado tanto tempo, lá no fundo eu ainda não me conformei.
Desde pequena, as semanas que antecediam o Dia dos Pais sempre foram um grande tormento pra mim, todos os preparativos para confraternização de pais, cartões e afins...tudo isso me incomodava muito. Era traumatizante ser a única órfã de pai, ver todos os coleguinhas se empenhando em preparar uma "surpresa" para os pais e a professora tentando amenizar meu desconforto sempre mandava eu escrever para algum dos meus avôs.Mas que estranho! Eu também não tinha nenhum avô...então elas sugeriam que eu escrevesse pra minha mãe mesmo. Concordo em grau, número e gênero que minha mãe é um exemplo de mulher e sempre desempenhou o papel de mãe e pai muito bem, aliás o de pai ainda melhor...rs... mas no dia dos pais, escrever pra ela não era a mesma coisa.
Jamais vou esquecer do meu primeiro dia na escolinha, minha mãe deu um perdido e foi trabalhar, e quem teve que ficar na casinha de brinquedos comigo? Sim...sim...ele mesmo...meu PAI...meu herói.
Ahhhhh...que Saudade!
Não sinto revolta em não ter crescido como uma criança "normal".
Só lamento não ter tido você ao meu lado nesses mais de 5.100 dias que se passaram.
Eu ainda tenho o chaveiro que te daria no ultimo dia dos pais que "passaríamos" juntos, na realidade você nem pode aproveitar o presente. Sempre que algo me angustiava eu apertava o chaveiro bem forte e de certa forma aquilo ia me acalmando e me dando uma força sobrenatural.
Recordo-me vagamente da última visita que eu lhe fiz, foi em um hospital aqui mesmo em Belo Horizonte...você já estava bem abatido...e de certa forma já sabia de tudo que estava por vir dali pra frente.Você fez a gente prometer algumas coisas, inclusive fez o Guilherme prometer que seria o homem da casa dali pra frente, como a gente era criança...eu com 5 anos, e ele com 4... não entendemos o real significado de todas aquelas palavras...e nem desconfiávamos que aquilo significava na verdade um adeus...achamos que seria apenas um até logo.
Ainda guardo a imagem do meu Herói deitado no leito de um Hospital, sem forças para lutar pela própria vida, vencido entregue à doença...Mas é em nome desse herói que eu Lutei... Luto...e Lutarei por toda minha vida.
Te amarei eternamente meu Anjo.

(Fabiana Nonaka Ferraz)